Entre mortos e feridos

Mais uma incrível participação do Thiago Jardim aqui no Caracs. Braceras zuado, ou autorretrato no Paint. Ele é menos forte do que aparece aí, mas essa é a vantagem de autorretrato, néam

Hoje está circulando a edição do Link especial sobre Steve Jobs. Talvez seja o calor da emoção do momento, mas acho que esse é o trabalho que mais gostei de fazer até hoje. Porque acredito no bobo, porque tudo o que quisemos fazer está lá. E porque o que o quisemos fazer não foi pouca coisa.

A gente já sabia, eu e o Matias, qual seria a linha geral dessa edição há algum tempo. A morte de Jobs era esperada. Então meses atrás, combinamos bem baixinho: quando ele morrer, damos a íntegra do discurso de Stanford. É uma afirmação. Um manifesto. Continuem bobos, a gente concorda, a gente faz de tudo para continuar.

Na quarta-feira, quando Jobs morreu, cheguei da redação bem tarde, lavei o rosto, escovei os dentes e fui dormir. Quando deitei, minha barriga roncou. Levantei, fiz comida e sentei para comer.

A gente tinha um problema sério: qualquer veículo brasileiro que publicasse a íntegra do discurso foderia nossa edição. Enquanto eu mastigava mandiocas cozidas com gengibre e cebolinha, me deu o estalo. Fui pra frente do computador e mandei o seguinte e-mail para o Matias.

“Acho que a gente tem de escancarar qualéqueé, e eu faria assim.

Steve Jobs morreu na quarta-feira da semana passada. De lá para cá, tudo o que havia para ser falado ou escrito sobre seu impacto no mundo hoje já foi publicado. É impossível evitar a repetição. Mas o Link não pode deixar de escolher o que quer dizer sobre o cara que moldou parte do mundo que cobrimos todos os dias. Você provavelmente já viu, ouviu ou leu isso. Mas de tudo o que já foi dito sobre Steve Jobs, o que queremos dizer sobre ele é o que ele disse de si mesmo.

Íntegra do discurso e pras bancas.
Statement.
É uma ideia”

Na manhã seguinte, foi a vez dele. “Vamos fazer um pôster.”

A ideia foi para o Thiago Que-Delícia Jardim, nosso amado diagramador. E conversa vai conversa vem, a capa girou, o pôster dobrou de tamanho e deu no que deu (que é o que você pode ver na edição de hoje).

Girar o texto da capa e continuá-lo em direção à contra-capa não é a coisa mais corriqueira, assim, do dia-a-dia da redação. Então era natural que estivéssemos apreensivos em relação ao que nossos chefes achariam. Será que eles iam aprovar aquela maluquice?

Aprovado. Ficamos todos muito pimpões. Nós e a bruxa que estava solta.

Assim que a capa foi aprovada, quando a gente começaria, enfim, a trabalhar pra valer para ela ser finalizada, o Thiago resolveu comemorar com um TigerUppercut e, na volta, pléft. Deu com o cotovelo na mesa.

Não havia tempo a perder, ele voltou para sua estação de trabalho e lá fui eu atrás dele para a gente começar a produção. O cotovelo dele estava uma bola. Eu saí de lá dizendo: cara, se piorar avisa aí que a gente compra um gelol, sei lá.

Piorou, ele foi para o hospital e voltou três horas depois com o braço engessado, um osso fissurado, um nervo esmagado, proibido de trabalhar por uma semana e de tocar bateria por um mês. Dava dó. Bem no dia que a gente virou tudo do avesso (não que ninguém tenha feito isso antes, não estou me gabando disso, mas eu, euzinha, e ele, elezinho, nunca tínhamos feito), ele foi tirado de jogo por uma espécie de auto-carrinho.

Claro que a equipe de Arte abraçou a causa. Cada um pegou um pedaço e todo mundo ajudou e deu tudo certo. Agradecemos a Nossa Senhora do Bom Fechamento pela graça concedida toda semana.

E, bom, depois de uma semana de muitas horas na redação, de muita conversa, muita empolgação e muito trabalho, entre mortos e feridos, todos sobreviveram. Menos o cotovelo do Thiago e, é claro, o objeto da capa.

Taí

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Uma resposta para “Entre mortos e feridos

  1. mas que xonelly’s, hein!

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