
Essa foi a primeira imagem que eu gravei pra postar aqui no Caracteres. Nunca usei ela, achava que era muito metida à besta. É lá do We Love Typography
Um ano atrás eu criei este blog. Estava precisando escrever. Estava ‘gorda de letrinhas’, como defini no primeiro post que escrevi. Eu queria ter somado todas as letrinhas que gastei neste tempo para contar como se diz no fim da dieta: ‘perdi tantos quilos em xis tempo’. Mas acontece que quanto mais eu fui gastando palavrinha mais fui engordando delas. Deve ser que nem cabelo, que dizem que quando você corta ele cresce mais rápido. Sei lá se isso é verdade, mas é o que dizem. Ou como picada de inseto, que quanto mais você coça, mais coça. É uma coceira, isso mesmo.
Eu escrevo, escrevo, escrevo. E as letrinhas vão juntando, juntando e juntando. Nas minhas últimas férias, que acabaram faz pouco, eu dei até de escrever em caderninho, coisa que acho que nunca fiz, ou se fiz foi na adolescência. Até versinhos eu ando fazendo, alguns deles tive a audácia de publicar aqui.
Quando eu criei o Caracteres, meu único ponto era continuar escrevendo, para não perder o rebolado. Eu tinha mudado de emprego e cada vez mais escrevia menos. E como quanto mais se escreve, mais se escreve, inventei esse lugar pra não perder a mão. Mas daí agora, um ano depois, eu tô começando a achar que esses posts empilhados ao longo de dias, semanas e meses tiveram um efeito meio mágico.
Veja por exemplo o terceiro post. Ele defende o shuffle. O modo aleatório. Era um embrião de uma idéia minha de que no fundo a gente não controla nada de nada do que acontece. Há uma ilusão de controle, uma fantasia de que as coisas aconteceram assim ou assado porque eu fiz isso ou aquilo, mas a verdade, vou contar pra vocês, é que as coisas aconteceram porque acontecem e a gente só vai indo e indo.
Pois essa ideia cresceu tanto que tem uns meses que eu carrego, pintado no braço, um símbolo de shuffle. É a minha homenagem particular ao aleatório da vida. Uma celebração do randômico. Da surpresa, essa coisa sempre tão boa ou tão ruim que você não teve imaginação suficiente pra prever que ela aconteceria.
E o primeiro ano de vida deste blog foi bem surpreendente, um ano característico, como eu já disse aqui no post em que me despedi para uma viagem de que eu certamente vou lembrar pra sempre. Não sou dada a desabafos, mas vou dizer uma coisa: que viagem… que ano… mudou tudo. Tudo mesmo.
Eu queria ter feito uma espécie de retrospectiva. Relembrar momentos que eu acho que foram especiais aqui no blog, como o Movimento pelo Livre Peidar, a revelação de que a J.Lo levou um penetra pra festa do Oscar, as minhas considerações sobre a moda de descolorir as pestanas… O maior elogio que já recebi na vida, a teoria do siri mole e meu desabafo sobre as tentativas frustadas de tentar ser mais patricinha. Mas daí nessas minhas férias me deu um siricotico de não querer ficar muito olhando pra trás não. Foi um ano muito cheio de coisa e ficar olhando pra ele seria cansativo demais.
Bora olhar pra frente. Que 2011 promete. E eu vou fazer de tudo, prometo, pra que o ano 2 deste blog seja tão ou mais característico, mágico ou surpreendente do que o ano 1. E a maior surpresa de ter o blog, pra mim, foi descobrir a companhia de um tanto de gente que eu nem nunca vi, mas que volta e meia vem me visitar e conversar ou manda email ou fala por aí que leu alguma coisa legal que viu por aqui. Isso me surpreende, é uma coisa tão boa que eu nunca pude imaginar que aconteceria.
Por enquanto, nesse comecinho de ano, as coisas vão andar meio devagar, porque o meu computador fez o favor de morrer. Mas tenham paciência, que todo mundo sabe que o ano só começa mesmo depois do Carnaval.

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